14 de maio de 2020

10 anos do blog Dinheiro Fantasia!


Maio é o mês de aniversário do blogger DINHEIRO FANTASIA, e nesses 10 anos até maio de 2020, o blog já contabilizava mais de 30 mil visitas!

Comemorando com uma moeda de cobre!

É um enorme prazer poder ter esse espaço virtual, onde eu possa expor as minhas ideias e loucuras criativas. Isso, com tempo, uma boa trilha sonora, um Photoshop, inspiração e a imaginação, são ótimas combinações para mim, que tenho mania de colecionismo, e a mente aberta para a criatividade.
A pergunta que eu sempre me fiz foi.. "PORQUÊ NÃO?"

Ao longo desses anos, tive também um blog pessoal, e um blog sobre a minha coleção do Titanic, que hoje por conta da saturação pessoal e de excesso de dados na Internet, não existem mais. Mas o blog "Dinheiro Fantasia" foi a paixão que conseguiu se manter, por me dar total espaço de trabalho no quesito LIBERDADE.

Eu admiro o dinheiro desde pequeno, desde que me entendo por gente, já apreciava a arte do dinheiro, o seu valor e importância no mundo e sua diversidade de cores, números, formatos, estilos, linguagens, etc. Acho que hoje, nada poderia me completar mais do que a NUMISMÁTICA.

Minha intenção aqui, não é afrontar ninguém, nem leis, nem direitos. Mas sim, expressar ideias, mostrar possibilidades, elogiar, protestar, homenagear, divertir, criticar, mostrar que toda essa loucura é possível. Só precisamos abrir a mente e o coração.

Dinheiro fantasia é arte.
Dinheiro fantasia é criatividade.
Dinheiro fantasia é amor.
Dinheiro fantasia é liberdade.

Muito obrigado aos mais de 30 mil acessos!
E vamos em frente!

Enquanto o homem for um ser livre e pensante, a arte não morrerá.

Rafael Rosa

7 de maio de 2020

As libras de Hy Brasil

Você brasileiro, já ouviu falar de uma ilha chamada "Hy Brasil"?

A história oficial que todo mundo ouviu na escola: Nosso país foi batizado graças à grande quantidade de paus-brasis que era retirada da costa nos primeiros anos de colonização (1550). Antes disso, se chamava Terra de Santa Cruz e, antes ainda, Ilha de Vera Cruz, porque os portugueses não faziam ideia do pedaço de continente que eles estavam invadindo quando chegaram aqui.
A versão é coerente, é claro, mas há um pequeno detalhe que nem sempre é mencionado: O nome Brasil já existia muito antes das grandes navegações botarem os pés nas Américas e era, com frequência, usado para designar uma ilha fantástica e inalcançável que flutuava ao léu pelo Atlântico, e pela imaginação dos povos europeus.
A história tem origem entre os povos celtas que habitavam a Irlanda na Idade Média. Segundo a crença, havia, a oeste do país no Oceano Atlântico Norte, uma ilha em formato perfeitamente circular que vagava pelo oceano e era completamente coberta em névoas. A cada sete anos, a névoa se dissipava e a terra podia ser avistada por olhos humanos, mas nunca alcançada.
A lenda se espalhou para outras culturas da Europa e foi muitas vezes recontada e adaptada, virando sinônimo de "terras encantadas" que existiam além do limiar conhecido do Atlântico. Chegou a ser incluída em trabalhos cartográficos até o início do século XIX, tendo aparecido pela primeira vez em um mapa genovês em 1325 e, em 1375, em um atlas catalão.
Mapa catalão da Europa que incliu a Hy Brasil
Mapa catalão que inclui a Hy-Brasil à oeste da Irlanda, uma ilha perfeitamente circular.
Fonte: Wikimedia Commons.

Ninguém sabe muito bem o motivo pelo qual os celtas batizaram a ilha mitológica de Hy-Brasil, ou Hy-Breasal, para ser mais exato. Sabe-se que, no antigo idioma céltico, a expressão Uí Breasail teria evoluído para o gaélico O’Brazil e significa “descendentes do vermelho”, mas ninguém sabe direito quem ou o quê era o vermelho em questão ou se o nome chegou a influenciar o batismo do pau-brasil, que também remete ao vermelho da seiva da árvore, mas cuja etimologia mais aceita é que venha de um adjetivo derivado da palavra brasa.
Uma teoria que explicaria a questão é a de que, em tempos antigos, os egípcios chegaram a aportar na Irlanda para comprar e vender produtos. Um dia, a rota comercial parou de ser lucrativa e eles, “os ricos vermelhos”, desapareceram para sempre em sua terra além-mar.
Mas tanta indefinição na origem do nome ou na localização exata da ilha não se reflete na lenda por trás dela, que tem elementos bastante consistentes. De acordo com os celtas, o lugar seria a casa de uma população abastada e tecnologicamente avançada, com torres de telhado de ouro, domos gigantescos e criações de animais perfeitamente saudáveis.
Em algumas versões, o lugar seria casa dos deuses do panteão irlandês. Em outras, habitada por padres ou monges que eram guardiões de um conhecimento ancestral, o que os permitiu criar uma civilização extremamente avançada. Nos mapas, era retratada como um círculo perfeito com um canal semi-circular cortando o centro. Qualquer semelhança com o círculo da bandeira do Brasil é mera coincidência (ou não).

Em busca da ilha perdida

A tal ilha Brasil foi vastamente procurada, e há diversos relatos de viajantes que afirmam tê-la encontrado. O relato mais famoso é o do capitão irlandês John Nisbet of Killybegs. Segundo ele, sua embarcação navegava em águas próximas à costa da Irlanda quando foram surpreendidos por uma densa neblina. Quando ela se dissipou, o navio estava perigosamente próximo a um conjunto de rochas que ele desconhecia.
Buscando se orientar, ele resolveu ancorar a embarcação e os tripulantes desceram na ilha. Eles supostamente passaram um dia inteiro em Hy-Brasil e retornaram para a Irlanda levando ouro, prata e um velho habitante da ilha. Os relatos incluem a descrição de tocas de coelhos pretos gigantes e de um mago que vivia em uma torre, mas acredita-se que tudo não passe de uma obra de ficção de um escritor chamado Richard Head.
A última visão registrada da ilha ocorreu em 1872, quando o escritor T. J. Westropp e diversas outras testemunhas que o acompanhavam viram uma ilha aparecer e desaparecer completamente no oceano Atlântico. O autor afirma que essa foi sua terceira visão do que supostamente seria a Hy-Brasil e, nessa viagem, ele resolveu levar sua mãe e alguns amigos para comprovar a veracidade de seu relato.
Mapa Europa Ilha Brazil
Uma pequena ilha chamada Brazil é colocada à oeste da Irlanda nesse mapa. Fonte: Wikimedia Commons.
Há, ainda, suspeitas que ligam as viagens de São Brandão em busca da “Terra Prometida” à lenda de Hy-Brasil. O monge irlandês teria se lançado em viagens incansáveis pelo Atlântico e, em uma delas, encontrou uma terra abundante e repleta de animais exóticos, descrita como uma ilha, que estava fora do mundo conhecido pelos europeus no século X ou XI.
Estudos geológicos evidenciam a existência de bancos de areia na região apontada como a provável localização da Hy-Brasil, o que pode ser um sinal de que havia, de fato, uma ou mais ilhas por ali no passado. No entanto, nunca foram encontrados vestígios de que uma antiga civilização pudesse haver habitado o local. Antes de aportar por essas bandas, os portugueses chegaram a batizar de “Brasil” a ilha que hoje é conhecida como Ilha Terceira dos Açores. Ainda há, no local, um monte chamado Monte Brasil.
* * *

Entrando no lúdico da coisa, criei estas 3 cédulas que seriam usadas na ilha, seguindo as descrições daqueles que afirmaram no passado, ter encontrado a ilha.
Tentei criar uma aparência medieval, em língua irlandesa, datadas no ano de 1330, e seguindo o layout de cédulas antigas alemãs, confira o resultado do 
"Banco Central da Hy Brasil":

100 Libras


500 Libras


1000 Libras




Fonte: 360 meridianos (Com correções).

1 de maio de 2020

Banco de Zamunda


Para os fãs de cédulas fantasias, não podemos esquecer de um dos maiores filmes estrelados por Eddie Murphy em 1988: Um príncipe em Nova York (Título original: Coming to America).

Sobre o filme

É um filme estadunidense, do gênero comédia romântica, dirigido por John Landis em 1988 e baseado em uma história criada originalmente por Eddie Murphy, que também atuou no papel principal. O filme também co-estrelou Arsenio Hall, James Earl Jones, Shari Headley e John Amos. A primeira parte da série de filmes Coming to America, foi lançada nos Estados Unidos em 29 de junho de 1988. Eddie Murphy interpreta Akeem Joffer, o príncipe herdeiro da nação africana de Zamunda, que viaja para os Estados Unidos na esperança de encontrar uma mulher com quem ele possa se casar.

É o primeiro filme do ator Cuba Gooding Jr., que surge como um figurante na barbearia, e traz Don Ameche e Ralph Bellamy reprisando seus papéis como os milionários falidos de Trading Places, também protagonizado por Murphy. O filme também traz uma participação especial de Samuel L. Jackson como um assaltante que tenta roubar a lanchonete McDowell's.

Em 1989, foi feito um piloto para uma série de televisão spin-off planejada, embora isso nunca tenha sido escolhido para uma série. Uma sequência, intitulada Coming 2 America, foi produzida e lançada em 2021, 33 anos depois, com a maior parte do elenco original.

História da trama

Akeem Joffer, um jovem príncipe herdeiro do trono de Zamunda, um país  africano, vive uma vida de luxo e riqueza, com todas as tarefas comuns do dia-a-dia sendo realizadas por criados. Akeem se aborrece com esta vida, desejando algo a mais para si mesmo. Em seu 21° aniversário, seus pais, o rei Jaffe e a rainha Aeoleon, lhe apresentam sua futura esposa, a princesa Imani, que ele nunca conheceu e que foi treinada para obedecer todas as suas ordens.

Querendo achar uma mulher que o ame pelo que ele realmente é, e não pelo seu status social, Akeem decide viajar para os Estados Unidos da América, juntamente com o melhor amigo e assessor pessoal Semmi (Arsenio Hall). O destino escolhido é o bairro do Queens (por "queen" ser rainha em inglês), na Cidade de Nova Iorque, onde fingem serem humildes estudantes estrangeiros, e vivendo num apartamento miserável em Long Island City, ao mesmo tempo em que tentam se habituar a uma realidade bem diferente da que conhecem. Pouco depois, os dois arranjam trabalho numa lanchonete de fast food chamada McDowell's (uma imitação do McDonald's), que pertence ao viúvo Cleo McDowell e às suas duas filhas, Lisa e Patrice. Akeem acaba se se apaixonando por Lisa, mas esta já tem um namorado, o arrogante Darryl (Eriq La Salle), cujo pai é dono da marca "Soul Glo" (um creme que ajuda a cachear cabelos, ao estilo do penteado Jheri), e que, sem o consentimento de Lisa, anuncia que ambos se vão casar. Furiosa, ela termina com Darryl e começa a sair com Akeem, que a impressiona com a sua personalidade e nobreza, apesar de garantir a Lisa que vem de uma família de pastores de cabra na África.

Enquanto Akeem está com cada vez mais trabalho e aprendendo como vivem os plebeus, Semmi não está mais aguentando viver em condições de vida tão humildes. Depois que um jantar com Lisa é frustrado, Semmi propõe um apartamento com jacuzzi e outros luxos, mas Akeem confisca o dinheiro e dá tudo a dois mendigos (Don Ameche e Ralph Bellamy - fazendo uma aparição especial como os irmãos Duke de Trading Places). Semmi então emite um carta, pedido urgentemente mais fundos adicionais ao reino de Zamunda.

Como consequência, a família real e toda a corte viajam até o Queens para lidar com a situação, revelando a todos que Akeem pertence, na verdade à realeza. McDowell, que não aprovava o namoro por julgar que Akeem era pobre, fica radiante, mas Lisa se enfurece por Akeem ter escondido a sua identidade e por isso se recusa a casar com ele. Akeem explica o motivo de ter mentido, mas Lisa continua magoada. Desolado, o príncipe resolve voltar para o seu país, aceitando se casar com Imani. Perante o desgosto do filho, o rei Jaffe insiste que esta "é a tradição" e pergunta "quem sou eu para mudá-la?". A rainha Aeoleon responde: "eu pensei que fosse o rei".

Na cerimônia de casamento em Zamunda, Akeem espera, desanimado, pela sua noiva no altar. Quando levanta o véu dela, fica surpreso ao descobrir que é Lisa, que decidiu voltar atrás e aceitar se casar com ele, com a bênção de Jaffe. Ao final da cerimônia, os dois seguem de carruagem, enquanto são saudados pelo povo zamundense. Lisa está maravilhada com tamanho esplendor e pergunta a Akeem se ele realmente abriria mão de tudo aquilo por ela; Akeem afirma que poderia fazer isso ali mesmo, mas Lisa ri, optando por fazer parte da família real.


A cédula de 100 libras de Zamunda

A cédula fictícia apareceu algumas vezes durante o primeiro filme, confirmando a real existência do país na trama.

A nota foi baseada na cédula de 1 libra inglesa.
Veja a comparação de ambas. Essa nota circulou na Inglaterra entre 1960 e 1979.
Design de Robert Austin.
1 libra inglesa

O dinheiro de Zamunda: 100 libras zamundenses,
criador desconhecido.

A cédula tem o busto do Príncipe Akeen (Interpretado por Eddie Murphy), com leão dourado do brasão da bandeira de Zamunda, e a frase "I promise to pay the bearer demand the sum of one hundred pounds” que traduzido seria: “Eu prometo pagar ao portador a demanda da soma de 100 Libras”.
As dimensões prováveis são de 15,1 cm  de comprimento por 7,2 cm de altura.


Não há registro de cédulas e nem moedas originais à venda.


A produção cinematográfica teve até moedas:
Moeda de 5 Founds de Zamunda
Moeda de 5 Founds


Créditos: Wikipedia.

11 de janeiro de 2020

Cédulas de propaganda militar, religiosa e político-partidária, por Goulart Gomes


AS CÉDULAS DE PROPAGANDA BRASILEIRAS

Goulart Gomes é numismata e escritor. Graduado em Administração
de Empresas (UCSAL), pós-graduado em Comunicação (ESPM-RJ)
e em Literatura Brasileira (UCSAL), graduando em História (UFBA) e
mestrando em Museologia (UFBA).




A PROPAGANDA MILITAR

O serviço militar se tornou obrigatório no Brasil em 1906, durante o governo de Afonso Penaquando o marechal Hermes da Fonseca era ministro da Guerra, mas só foi efetivamente implementado com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Apesar  desta conscrição para todos os jovens do sexo masculino, com 18 anos de idade, as Forças Armadas sempre utilizaram de recursos de propaganda para atraí-los aos seus quadros. A seguir, veremos três exemplos, de períodos diferentes.






A PROPAGANDA RELIGIOSA

Se a propaganda tem um dos seus marcos fundamentais na religião, nada mais natural que voltar a ser por ela utilizada para a propagação da fé no século XX. Foi o que ocorreu quando da visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Além de inúmeras medalhas foi produzida uma cédula de propaganda, inspirada na cédula de 1.000 cruzeiros (apelidada de “barão”), emitida de 1978 a 1980 (C153 a C-155) e de 1981 a 1986 (C-162 a C-165).

Tal cédula inclusive, me inspirou a recriá-la com bastantes melhorias e correções, com valor alterado de 1.000 cruzeiros, para 10.000 cruzeiros. Caso queira ver como ficou a MINHA VERSÃO, é clicar aqui: 10.000 Cruzeiros - Papa João Paulo II

Na Bahia, circulava a cédula de propaganda da Igreja do Senhor do Bonfim, no valor de 5.000 bênçãos, como um souvenir para turistas. Seu modelo foi inspirado na cédula de 5.000 cruzeiros emitida de 1963 a 1965 (C-057 a C-059 e C-107 a C-110), que originalmente traz a imagem do herói da Inconfidência Mineira, Tiradentes.


A PROPAGANDA POLÍTICO-PARTIDÁRIA

No Brasil, em períodos eleitorais, um dos recursos de propaganda político-partidária mais
utilizada é a panfletagem. Próximo aos locais de votação, as ruas ficam cobertas por milhões de lixo “santinhos” dos políticos, panfletos que são deseducadamente lançados ao chão pelos eleitores, após uma leitura superficial. Como recurso visual, por todas as décadas, a imitação de cédulas circulantes ou circuladas foi amplamente utilizada. Em sua grande maioria, estas cédulas de propaganda utilizam o modelo adotado pelo American Bank Notes para as cédulas do Brasil e de outros países para os quais produziu, com uma efígie da personalidade escolhida inserida em uma elipse ou moldura. Por isso, nessa seção não nos dedicaremos à análise das identidades visuais, bastante recorrentes, nem a aprofundar a análise ideológica das personagens ou partidos citados, em seu contexto histórico. Apenas demonstraremos como políticos e partidos de todas as tendências
se utilizaram desse recurso comunicacional, ao longo dos anos. Para quem desejar conhecer melhor esse período político da nossa história, sugerimos a leitura dos capítulos 15 a 18 do livro "Brasil: uma biografia", de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling,


O século XXI trouxe uma nova tendência para as cédulas de propaganda político-partidárias no Brasil. Historicamente utilizadas para contribuir com a imagem positiva do político, angariando votos para a sua candidatura, nos anos 2000 ela também passou a ser utilizada para manchar a imagem de opositores, influenciando negativamente a população contra determinada personalidade. É o que constatamos no exemplo acima, copiado da cédula de 100 reais, segunda família, que entrou em circulação a partir de 2010 (C-349 em diante). Neste caso, vemos a efígie do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva associada ao desenho de um presidiário, em uma cédula de 100 Pixulecos, sinônimo de “dinheiro roubado”, “dinheiro sujo”, alusão aos casos de corrupção que aconteceram durante o seu governo. Também foi vítima desse tipo de propaganda a ex-presidente Dilma Rousseff, mas de tal forma agressiva que preferimos não reproduzi-la aqui.
Esperamos ter contribuído para a divulgação e análise dessa modalidade numismática,
estimulando a elaboração de estudos mais aprofundados. Nossos agradecimentos à Cleder
Machado de Assis e Eugênio Passos, por suas colaborações para a elaboração deste texto. Todas as cédulas fazem parte do acervo pessoal do autor Goulart Gomes.



Matéria extraída do arquivo em PDF: As cédulas de Propagandas Brasileiras

10 de janeiro de 2020

As cédulas de propaganda promocional, por Goulart Gomes

AS CÉDULAS DE PROPAGANDA BRASILEIRAS

Goulart Gomes é numismata e escritor. Graduado em Administração
de Empresas (UCSAL), pós-graduado em Comunicação (ESPM-RJ)
e em Literatura Brasileira (UCSAL), graduando em História (UFBA) e
mestrando em Museologia (UFBA).


A PROPAGANDA PROMOCIONAL

Não existe um consenso quanto às origens da propaganda no mundo. Alguns pesquisadores querem apontar antigos relatos e registros históricos no Egito, em Roma ou na Grécia, inscritos em paredes e rochas como os primeiros tipos de propaganda, mas é necessário se diferenciar uma inscrição que tem por objetivo perpetuar um fato ou feito histórico, de outra que tem por objetivo propagar, com o intuito de convencer sobre alguma ideia, converter para alguma crença ou vender algum produto ou serviço. Sem dúvida, sempre existiram pregoeiros, tanto aqueles que transitavam pelas ruas oferecendo seus produtos verbalmente, como o mercador que brada a plenos pulmões, nas feiras, as suas ofertas. Assim, tanto os mercadores de Veneza, no século XVI, quanto o feirante nas cidades do interior do Brasil, são propagandistas.
A palavra propaganda vem da sua homônima latina, com o significado original de difundir. Mas não apenas no sentido de tornar público, mas também com o intuito de sensibilizar, de provocar no receptor da mensagem uma simpatia ou atenção à sua proposta. No ocidente, consideramos que a sua utilização de forma tecnicamente mais estruturada tem origem no seio da Igreja Católica, quando Gregório XV, papa de 1621 a 1623, criou a Congregatio de Propaganda Fide (Congregação para Propagar a Fé), em 1622, um comitê de cardeais que tinha por missão supervisionar a propagação da fé cristã.
Daquele momento em diante, a propaganda mudaria circunstancialmente, principalmente após a primeira fase da Revolução Industrial, quando tem início o capitalismo, com a sua produção diversificada de produtos em quantidades elevadas e, consequentemente, a necessidade de ampliar o público consumidor, para vendê-los.
Mas, se considerarmos o seu viés político, não poderíamos afirmar que as moedas têm sido um importante meio de propaganda, desde a Antiguidade? “Cunhadas com a efígie dos deuses e dos poderosos, as moedas conservaram esse caráter político essencial até a época romana quando eram emitidas por ocasião de grandes eventos, como os jogos desportivos ou a movimentações de exércitos”ressalta o socioeconomista Jean-Michel Servet (SERVET, 1990). Nos anversos e reversos das moedas, eram propagados os grandes feitos dos deuses, dos heróis, dos líderes militares e imperadores. Por todo o Império Romano, que se estendia pela Europa, África e parte da Ásia, a moeda ajudava a propagar a sua supremacia religiosa, política e militar, o que teve continuidade mesmo após a adoção do cristianismo como sua religião oficial.

A origem do cifrão ($) propaga um destes grandes feitos. A história registra que este símbolo teria sido criado a mando do general Tarik-ibn-Ziyád que, saindo da Arábia no século VIII, teria cruzado todo o norte da África em direção à península ibérica, marcando o início da conquista muçulmana na Europa, que perduraria até 1492. No cifrão, a linha sinuosa representa a trajetória feita por Tarik e os dois traços, representam as “colunas de Hércules”, uma referência à passagem que o herói mitológico teria aberto com a sua força, separando a África da Europa, na região hoje conhecida como Estreito de Gibraltar, por onde também teria passado o conquistador árabe.
Alguns querem ver na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel I de Portugal, em 1500, a primeira peça de propaganda do Brasil. Nela, o missivista propaga as belezas e riquezas de nossa terra, estimulando a Coroa à sua conquista e povoamento. Mas, em verdade, os “reclames” só começam a aparecer no Brasil com o tardio surgimento da imprensa, de forma oficial, no início do século XIX. Cem anos depois, no início do século XX, a propaganda chegará às radioemissoras e, na década de 1950, à televisão. Mas, bem antes, no Brasil colonial, panfletos, também chamados de “santinhos”, eram distribuídos
ou colocados em postes, paredes e portas, amplamente utilizados para a propagação de produtos e serviços, promovendo o que hoje chamamos de marketing viral, também conhecido por boca-a-boca. Os inconfidentes mineiros, liderados por Tiradentes, em 1789, utilizaram panfletos e cartazes para propagar os ideais dos revolucionários.
E são os panfletos que ganham uma das formas mais originais da propaganda brasileira: a utilização da identidade visual (design) das cédulas com fins promocionais, militares, religiosos e políticos. Esta ação tem seu início já no século XIX e se perpetuará até o século XXI, utilizando-se de todos os modelos de cédulas nos diversos períodos de emissão monetária do Brasil. O suíço Julius Meili, considerado o Pai da Numismática Brasileira, em sua magistral obra "O Meio Circulante no Brasil – parte III", A Moeda Fiduciária, publicada em 1903, já nos apresenta 20 exemplos daquilo que aqui intitulamos "cédulas de propaganda".

Neste artigo pretendemos apresentar alguns exemplos, percorrendo brevemente a história da circulação do papel-moeda brasileiro, demonstrando as diversas utilizações que estes panfletos ganharam em nossa sociedade. Inicialmente, é importante distinguir as cédulas de propaganda das cédulas de fantasia: As cédulas de propaganda tem uma função mercadológica explícita, com o claro propósito de difundir, propagar, convencer, converter, seduzir seu público-alvo, vender ou comprar, ampliando a fatia de mercado (market share) do promotor da ação, o que não ocorre necessariamente com as cédulas de fantasia.


A PROPAGANDA PROMOCIONAL

Do início da utilização do papel-moeda até a atualidade (2020), nove padrões monetários foram utilizados no Brasil, a saber: réis, palavra que era o plural de ‘real’ (da colonização até 1942); cruzeiro (1942/1967); cruzeiro novo (1967/1970); cruzeiro (1970/1986); cruzado (1986/1989); cruzado novo (1989/1990); cruzeiro (1990/1993); cruzeiro real (1993/1994) e real (1994/Atualmente). Em todos estes períodos podemos encontrar cédulas de propaganda inspiradas nas emissões oficiais, algumas das quais, tomadas como exemplo, passaremos a descrever, lembrando que certos padrões podem ter sido utilizados nestes panfletos muito tempo após a data da sua emissão. Para facilitar a identificação das cédulas colocamos, entre parênteses, seus respectivos códigos, conforme o catálogo Cédulas do Brasil, de Cláudio Amato e Irlei S. Neves.






 


Matéria extraída do arquivo em PDF: As cédulas de Propagandas Brasileiras

23 de outubro de 2019

1 Peso Muerto - Bolsonaro

A nota de "1 peso muerto", surgiu da visita do ex-presidente da república Jair Bolsonaro à Argentina em 2019, e entre os assuntos dos dois presidentes, surgiu a ideia de criar uma "moeda única" entre o Brasil e a Argentina para melhorar os "laços comerciais". Claro que a ideia virou piada na Internet. Muitos estudiosos da área da economia afirmaram que a concretização seria péssima para ambos os países, por enormes diferenças cambiais entre as 2 moedas (peso argentino e real brasileiro).

A cédula abaixo é uma versão da nota de 1 peso argentino, e criada a partir de um meme da Internet, trabalho anterior de outro artista desconhecido.

Esta cédula é, portanto, uma caricatura, um protesto político.






A cédula impressa.

Abaixo, a cédula mal elaborada, que originou os memes na Internet:



Abaixo, a cédula argentina original, usada como base para as montagens:


*Matéria atualizada em 27/06/2023


Evite repassar qualquer nota falsa, diferenciada e/ou de valor inexistente no comércio, pois isso pode configurar alguma penalidade criminal. Faça uso desses trabalhos artísticos apenas para diversão, colecionismo e curiosidade.

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