Você brasileiro, já ouviu falar de uma ilha chamada "Hy Brasil"?
A história oficial que todo mundo ouviu na escola: Nosso país foi batizado graças à grande quantidade de paus-brasis que era retirada da costa nos primeiros anos de colonização (1550). Antes disso, se chamava Terra de Santa Cruz e, antes ainda, Ilha de Vera Cruz, porque os portugueses não faziam ideia do pedaço de continente que eles estavam invadindo quando chegaram aqui.
A versão é coerente, é claro, mas há um pequeno detalhe que nem sempre é mencionado: O nome Brasil já existia muito antes das grandes navegações botarem os pés nas Américas e era, com frequência, usado para designar uma ilha fantástica e inalcançável que flutuava ao léu pelo Atlântico, e pela imaginação dos povos europeus.
A história tem origem entre os povos celtas que habitavam a Irlanda na Idade Média. Segundo a crença, havia, a oeste do país no Oceano Atlântico Norte, uma ilha em formato perfeitamente circular que vagava pelo oceano e era completamente coberta em névoas. A cada sete anos, a névoa se dissipava e a terra podia ser avistada por olhos humanos, mas nunca alcançada.
A lenda se espalhou para outras culturas da Europa e foi muitas vezes recontada e adaptada, virando sinônimo de "terras encantadas" que existiam além do limiar conhecido do Atlântico. Chegou a ser incluída em trabalhos cartográficos até o início do século XIX, tendo aparecido pela primeira vez em um mapa genovês em 1325 e, em 1375, em um atlas catalão.

Mapa catalão que inclui a Hy-Brasil à oeste da Irlanda, uma ilha perfeitamente circular.
Fonte: Wikimedia Commons.
Ninguém sabe muito bem o motivo pelo qual os celtas batizaram a ilha mitológica de Hy-Brasil, ou Hy-Breasal, para ser mais exato. Sabe-se que, no antigo idioma céltico, a expressão Uí Breasail teria evoluído para o gaélico O’Brazil e significa “descendentes do vermelho”, mas ninguém sabe direito quem ou o quê era o vermelho em questão ou se o nome chegou a influenciar o batismo do pau-brasil, que também remete ao vermelho da seiva da árvore, mas cuja etimologia mais aceita é que venha de um adjetivo derivado da palavra brasa.
Uma teoria que explicaria a questão é a de que, em tempos antigos, os egípcios chegaram a aportar na Irlanda para comprar e vender produtos. Um dia, a rota comercial parou de ser lucrativa e eles, “os ricos vermelhos”, desapareceram para sempre em sua terra além-mar.
Mas tanta indefinição na origem do nome ou na localização exata da ilha não se reflete na lenda por trás dela, que tem elementos bastante consistentes. De acordo com os celtas, o lugar seria a casa de uma população abastada e tecnologicamente avançada, com torres de telhado de ouro, domos gigantescos e criações de animais perfeitamente saudáveis.
Em algumas versões, o lugar seria casa dos deuses do panteão irlandês. Em outras, habitada por padres ou monges que eram guardiões de um conhecimento ancestral, o que os permitiu criar uma civilização extremamente avançada. Nos mapas, era retratada como um círculo perfeito com um canal semi-circular cortando o centro. Qualquer semelhança com o círculo da bandeira do Brasil é mera coincidência (ou não).
Em busca da ilha perdida
A tal ilha Brasil foi vastamente procurada, e há diversos relatos de viajantes que afirmam tê-la encontrado. O relato mais famoso é o do capitão irlandês John Nisbet of Killybegs. Segundo ele, sua embarcação navegava em águas próximas à costa da Irlanda quando foram surpreendidos por uma densa neblina. Quando ela se dissipou, o navio estava perigosamente próximo a um conjunto de rochas que ele desconhecia.
Buscando se orientar, ele resolveu ancorar a embarcação e os tripulantes desceram na ilha. Eles supostamente passaram um dia inteiro em Hy-Brasil e retornaram para a Irlanda levando ouro, prata e um velho habitante da ilha. Os relatos incluem a descrição de tocas de coelhos pretos gigantes e de um mago que vivia em uma torre, mas acredita-se que tudo não passe de uma obra de ficção de um escritor chamado Richard Head.
A última visão registrada da ilha ocorreu em 1872, quando o escritor T. J. Westropp e diversas outras testemunhas que o acompanhavam viram uma ilha aparecer e desaparecer completamente no oceano Atlântico. O autor afirma que essa foi sua terceira visão do que supostamente seria a Hy-Brasil e, nessa viagem, ele resolveu levar sua mãe e alguns amigos para comprovar a veracidade de seu relato.

Uma pequena ilha chamada Brazil é colocada à oeste da Irlanda nesse mapa. Fonte: Wikimedia Commons.
Há, ainda, suspeitas que ligam as viagens de São Brandão em busca da “Terra Prometida” à lenda de Hy-Brasil. O monge irlandês teria se lançado em viagens incansáveis pelo Atlântico e, em uma delas, encontrou uma terra abundante e repleta de animais exóticos, descrita como uma ilha, que estava fora do mundo conhecido pelos europeus no século X ou XI.
Estudos geológicos evidenciam a existência de bancos de areia na região apontada como a provável localização da Hy-Brasil, o que pode ser um sinal de que havia, de fato, uma ou mais ilhas por ali no passado. No entanto, nunca foram encontrados vestígios de que uma antiga civilização pudesse haver habitado o local. Antes de aportar por essas bandas, os portugueses chegaram a batizar de “Brasil” a ilha que hoje é conhecida como Ilha Terceira dos Açores. Ainda há, no local, um monte chamado Monte Brasil.
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Entrando no lúdico da coisa, criei estas 3 cédulas que seriam usadas na ilha, seguindo as descrições daqueles que afirmaram no passado, ter encontrado a ilha.
Tentei criar uma aparência medieval, em língua irlandesa, datadas no ano de 1330, e seguindo o layout de cédulas antigas alemãs, confira o resultado do
"Banco Central da Hy Brasil":
100 Libras
500 Libras
1000 Libras
Fonte: 360 meridianos (Com correções).