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6 de setembro de 2021

A nota de 420 reais deu o que falar


No dia 18 de janeiro de 2021, uma operação policial em Presidente Prudente, interior de São Paulo, apreendeu quase 150 kg de maconha, mas isso ficou em segundo plano. O que deixou os policiais encucados mesmo foi uma nota de R$ 420, com um bicho-preguiça estampado, encontrada na carteira de um dos suspeitos presos.

Seria algum código? Um dinheiro paralelo usado por traficantes? A dúvida permaneceu por alguns dias, até descobrirem que o papel misterioso era oriundo de uma loja que vende roupas. A empresa Chronic, lançou essa nota como um brinde para quem comprasse algum de seus produtos. O preso em Presidente Prudente era cliente da loja e havia deixado a cédula em sua carteira.


A grife tem sede em São Paulo, mas está espalhada por todo Brasil graças a uma rede de mais de 5 mil revendedores. Na Bahia há centenas de lojas, incluindo em Feira de Santana, onde a nota apareceu e viralizou nas redes sociais.


"Nós somos uma loja de contra-cultura, alternativa, que debate temas controversos como o racismo e o fascismo. Nossas estampas trazem essa personalidade forte, de lutar contra situações que não são resolvidas no Brasil, como a questão das drogas. Eu acho um absurdo a maconha não ser liberada, por exemplo. Até por isso muitos artistas vestem essa marca", explica Vagner Ferreira, 40 anos, um dos revendedores da empresa na Bahia.


Como surgiu a cédula

A nota surgiu em setembro de 2020. Caio Venom, 32 anos, desenhista da loja, estava criando uma linha de roupas baseada na Lacoste, mas com um bicho-preguiça ao invés do jacaré. Só que naquele mesmo período o Banco Central anunciou a nota de R$ 200, aguçando a criatividade de Caio. Ele adaptou a ideia inicial e assim surgiu a cédula de R$ 420.
"Foi um marketing de guerrilha, totalmente orgânico. Quando começou a se espalhar, teve até parente meu me ligando de Minas Gerais preocupado de dar algum problema", lembra Caio, que mora atualmente em São Paulo.

E de fato, surgiu a preocupação quando a polícia encontrou a 'verdinha'. Mas a marca entrou em contato com os advogados da 'Marcha da Maconha', que deram todo o apoio jurídico necessário.

"No começo a gente ficou com medo de ser visto como apologia, mas a constituição protege isso como liberdade artística e de expressão. Os defensores nos instruíram, explicando todos os artigos da Constituição que amparavam a gente", detalha o desenhista.

Passado o susto, a preguiça segue ligeira, circulando por todo o país. Ao total, mais de 500 mil cédulas já foram impressas num esquema que lembra a casa da moeda. Assista o vídeo abaixo:


"Eu já recebi mensagem de amigos meus dizendo que conseguiram comprar gelo e carvão na praia pagando com essa nota, pois o vendedor gostou. Em Belo Horizonte circulou um comunicado entre os supermercados pedindo atenção dos caixas para essa nota falsa. Ela é um sucesso", resume Caio.

A origem do termo "420" ou "4 e 20"

Todo ano, em 20 de Abril, é comemorado o Dia Internacional da Maconha mundo afora. Mas, por quê? Por que, em inglês, a data se escreve de outra maneira e fica assim: 4/20, número já conhecido pelos usuários da erva. E o que esse número tem de tão especial?

São várias maneiras de escrever esse código internacional (4/20, 4:20, 420) mas tá todo mundo querendo falar a mesma coisa: fumar maconha. A maioria dos maconheiros conhece e usa esse termo, mas muitos não sabem da onde ele vem. Alguns até acham que sabem mas aposto que não tem certeza da história real!


Bom, segundo os próprios criadores do termo, tudo começou no outono de 1971 na Califórnia, Estados Unidos. Cinco amigos que eram alunos da San Rafael High School (Ensino Médio) são hoje conhecidos em inglês como “The Waldos” – termo que vem da palavra wall, que significa “parede” em inglês, pois era próximo ao local onde eles ficavam fumando.

Muita gente pensa que 420 é o código da polícia local para avisar que estão fumando maconha naquele momento. Mas, na verdade, a história é a seguinte: Um belo dia, um membro da guarda costeira foi falar com os 5 jovens que estavam por lá, pra falar que ele não conseguiria mais cuidar de sua plantação de maconha, próxima a Point Reyes Peninsula. Munidos dessa informação, e de um mapa do local, os Waldos resolveram ir em busca dos matinhos.

Os rapazes eram atletas da escola, treinavam todo dia e, por isso, marcaram de se encontrar na estátua de Louis Pasteur do lado de fora da escola, às 4:20. Esse era o horário que acabava o treino e eles estariam livres para ir em busca da plantação. “Nós lembrávamos uns aos outros pelos corredores que íamos nos encontrar às 4:20. No começo era 4:20-Louis, mas acabamos deixando pra lá o Louis”, disse Waldo Steve ao Huffington Post.

Eles nunca encontraram nada de plantação. O que eles estavam fazendo, mesmo sem saber, era a criação de um código internacional dos maconheiros. Entre eles, falar 420 já levava a entender: “vamos fumar um?”, ou… “você está chapado?”. Segundo Steve, “nossos professores não sabiam do que estávamos falando, nossos pais também não sabiam.”

Como o símbolo ganhou o mundo?

Naquela época, final dos anos 60, uma utopia hippie na Califórnia; a banda Grateful Dead se mudou para perto de alguns quarteirões da escola. O irmão mais velho do Waldo, Dave era amigo do baixista da banda, Phil Lesh.

Dessa maneira, eles foram convivendo com o grupo, frequentando festas e o termo foi se espalhando sem que ninguém percebesse. Os Dead fizeram turnê mundial nos anos 70 e 80 e o termo se espalhou na cena underground entre os fãs da banda.

Banda Gratefull Dead

Em 1990, Steve Bloom, então repórter da revista High Times recebeu um flyer no estacionamento do show do Grateful Dead que dizia mais ou menos assim: “vamos nos encontrar às 4:20, no dia 20/04 para ‘420-ing’” e dizia o lugar do encontro. Além disso, o flyer ainda contava uma história hipotética de como o código teria surgido, que seria um código da polícia.

um exemplar da revista High Times

Bloom publicou sua "descoberta" na edição de Maio de 1991 na revista. Daí pra frente, a High Times começou a publicar sempre o termo e a onda acabou pegando.

O caso do idoso que levou golpe

Reportagem da Rede Bandeirantes

Em Unaí, Minas Gerais, no dia 30 de julho de 2021, Gerson José Pereira de 75 anos caiu em um golpe, e deixou um prato cheio para a imprensa. Ele recebeu uma nota "falsa", de R$ 420 como pagamento de um empréstimo. Como a dívida era de R$ 100, ele deu R$ 320 de troco. “O golpista trabalhava em uma fazenda vizinha ao local onde a vítima mora. Ele pediu R$ 100 emprestado para o idoso e voltou para pagá-lo com a nota falsa. A vítima falou que nunca tinha visto a cédula, mas o autor afirmou que tinha sacado o falso dinheiro em um caixa eletrônico de um banco em Unaí”, explicou um delegado responsável pelo caso ao site do G1.

A cédula tinha o desenho de um bicho-preguiça e folhas de maconha. O idoso confiou na versão do homem e acabou recebendo a cédula sem valor algum. É importante ressaltar que não existem notas deste valor no Brasil. Sendo a nota de R$200 a novidade mais recente.

O golpista de 24 anos foi localizado dentro de sua própria casa. Ainda de acordo com a polícia, ele afirmou que está em liberdade condicional e que tem passagens por roubo e receptação. O idoso não deu maiores declarações sobre o prejuízo.

Com a repercussão do caso, a empresa criadora da cédula ressarciu o prejuízo do senhor, com os 420 reais verdadeiros, boné, roupas e algumas cédulas-fantasias de 420 reais.

Apesar da insana inocência do idoso, o caso teve um final feliz.

Veja a matéria do Jornal da Alterosa, da região de Minas Gerais

As notas

As cédulas de 420 reais foram elaboradas usando a nota de 100 reais como base.

A primeira versão das notas de 420 reais tinham apenas a mesma face dos dois lados:
Cédula de 420 reais

A segunda versão das notas de 420 reais já tinham duas faces, como uma cédula normal:
Cédula de 420 reais
Minha opinião

A ideia é interessante, acredito que conseguiu fidelizar mais clientes por conta da curiosidade da nota, eu mesmo fui um deles. Hoje eu sou cliente da loja.
A cédula poderia ter sido elaborada de uma forma mais original, mais própria, pois, percebe-se claramente elementos da nota de 100 reais. Apresenta alguns elementos interessantes e peca em várias outras partes.

 Fim da história

De acordo com a lei, a criação da cédula fantasia está amparada no artigo 5° da Constituição brasileira, que trata da liberdade de expressão e artística.

Muitas matérias jornalísticas tratam a nota de 420 reais como "dinheiro falso", além do sensacionalismo.. Vale lembrar também que tal cédula não pode ser considerada como dinheiro falso, até porquê não existe a "original" e o valor é INEXISTENTE na moeda corrente atual.



Evite repassar qualquer nota falsa, diferenciada e/ou de valor inexistente no comércio, pois isso pode configurar alguma penalidade criminal. Faça uso desses trabalhos artísticos apenas para diversão, colecionismo e curiosidade.


Este blog e o seu criador não têm a menor intenção de confrontar leis de qualquer espécie, direitos de imagem e de autor. Caso algum material de sua autoria ou imagem esteja neste blog e você não tenha gostado, por favor, entre em contato comigo.

11 de janeiro de 2020

Cédulas de propaganda militar, religiosa e político-partidária, por Goulart Gomes


AS CÉDULAS DE PROPAGANDA BRASILEIRAS

Goulart Gomes é numismata e escritor. Graduado em Administração
de Empresas (UCSAL), pós-graduado em Comunicação (ESPM-RJ)
e em Literatura Brasileira (UCSAL), graduando em História (UFBA) e
mestrando em Museologia (UFBA).




A PROPAGANDA MILITAR

O serviço militar se tornou obrigatório no Brasil em 1906, durante o governo de Afonso Penaquando o marechal Hermes da Fonseca era ministro da Guerra, mas só foi efetivamente implementado com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial. Apesar  desta conscrição para todos os jovens do sexo masculino, com 18 anos de idade, as Forças Armadas sempre utilizaram de recursos de propaganda para atraí-los aos seus quadros. A seguir, veremos três exemplos, de períodos diferentes.






A PROPAGANDA RELIGIOSA

Se a propaganda tem um dos seus marcos fundamentais na religião, nada mais natural que voltar a ser por ela utilizada para a propagação da fé no século XX. Foi o que ocorreu quando da visita do papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Além de inúmeras medalhas foi produzida uma cédula de propaganda, inspirada na cédula de 1.000 cruzeiros (apelidada de “barão”), emitida de 1978 a 1980 (C153 a C-155) e de 1981 a 1986 (C-162 a C-165).

Tal cédula inclusive, me inspirou a recriá-la com bastantes melhorias e correções, com valor alterado de 1.000 cruzeiros, para 10.000 cruzeiros. Caso queira ver como ficou a MINHA VERSÃO, é clicar aqui: 10.000 Cruzeiros - Papa João Paulo II

Na Bahia, circulava a cédula de propaganda da Igreja do Senhor do Bonfim, no valor de 5.000 bênçãos, como um souvenir para turistas. Seu modelo foi inspirado na cédula de 5.000 cruzeiros emitida de 1963 a 1965 (C-057 a C-059 e C-107 a C-110), que originalmente traz a imagem do herói da Inconfidência Mineira, Tiradentes.


A PROPAGANDA POLÍTICO-PARTIDÁRIA

No Brasil, em períodos eleitorais, um dos recursos de propaganda político-partidária mais
utilizada é a panfletagem. Próximo aos locais de votação, as ruas ficam cobertas por milhões de lixo “santinhos” dos políticos, panfletos que são deseducadamente lançados ao chão pelos eleitores, após uma leitura superficial. Como recurso visual, por todas as décadas, a imitação de cédulas circulantes ou circuladas foi amplamente utilizada. Em sua grande maioria, estas cédulas de propaganda utilizam o modelo adotado pelo American Bank Notes para as cédulas do Brasil e de outros países para os quais produziu, com uma efígie da personalidade escolhida inserida em uma elipse ou moldura. Por isso, nessa seção não nos dedicaremos à análise das identidades visuais, bastante recorrentes, nem a aprofundar a análise ideológica das personagens ou partidos citados, em seu contexto histórico. Apenas demonstraremos como políticos e partidos de todas as tendências
se utilizaram desse recurso comunicacional, ao longo dos anos. Para quem desejar conhecer melhor esse período político da nossa história, sugerimos a leitura dos capítulos 15 a 18 do livro "Brasil: uma biografia", de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling,


O século XXI trouxe uma nova tendência para as cédulas de propaganda político-partidárias no Brasil. Historicamente utilizadas para contribuir com a imagem positiva do político, angariando votos para a sua candidatura, nos anos 2000 ela também passou a ser utilizada para manchar a imagem de opositores, influenciando negativamente a população contra determinada personalidade. É o que constatamos no exemplo acima, copiado da cédula de 100 reais, segunda família, que entrou em circulação a partir de 2010 (C-349 em diante). Neste caso, vemos a efígie do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva associada ao desenho de um presidiário, em uma cédula de 100 Pixulecos, sinônimo de “dinheiro roubado”, “dinheiro sujo”, alusão aos casos de corrupção que aconteceram durante o seu governo. Também foi vítima desse tipo de propaganda a ex-presidente Dilma Rousseff, mas de tal forma agressiva que preferimos não reproduzi-la aqui.
Esperamos ter contribuído para a divulgação e análise dessa modalidade numismática,
estimulando a elaboração de estudos mais aprofundados. Nossos agradecimentos à Cleder
Machado de Assis e Eugênio Passos, por suas colaborações para a elaboração deste texto. Todas as cédulas fazem parte do acervo pessoal do autor Goulart Gomes.



Matéria extraída do arquivo em PDF: As cédulas de Propagandas Brasileiras

10 de janeiro de 2020

As cédulas de propaganda promocional, por Goulart Gomes

AS CÉDULAS DE PROPAGANDA BRASILEIRAS

Goulart Gomes é numismata e escritor. Graduado em Administração
de Empresas (UCSAL), pós-graduado em Comunicação (ESPM-RJ)
e em Literatura Brasileira (UCSAL), graduando em História (UFBA) e
mestrando em Museologia (UFBA).


A PROPAGANDA PROMOCIONAL

Não existe um consenso quanto às origens da propaganda no mundo. Alguns pesquisadores querem apontar antigos relatos e registros históricos no Egito, em Roma ou na Grécia, inscritos em paredes e rochas como os primeiros tipos de propaganda, mas é necessário se diferenciar uma inscrição que tem por objetivo perpetuar um fato ou feito histórico, de outra que tem por objetivo propagar, com o intuito de convencer sobre alguma ideia, converter para alguma crença ou vender algum produto ou serviço. Sem dúvida, sempre existiram pregoeiros, tanto aqueles que transitavam pelas ruas oferecendo seus produtos verbalmente, como o mercador que brada a plenos pulmões, nas feiras, as suas ofertas. Assim, tanto os mercadores de Veneza, no século XVI, quanto o feirante nas cidades do interior do Brasil, são propagandistas.
A palavra propaganda vem da sua homônima latina, com o significado original de difundir. Mas não apenas no sentido de tornar público, mas também com o intuito de sensibilizar, de provocar no receptor da mensagem uma simpatia ou atenção à sua proposta. No ocidente, consideramos que a sua utilização de forma tecnicamente mais estruturada tem origem no seio da Igreja Católica, quando Gregório XV, papa de 1621 a 1623, criou a Congregatio de Propaganda Fide (Congregação para Propagar a Fé), em 1622, um comitê de cardeais que tinha por missão supervisionar a propagação da fé cristã.
Daquele momento em diante, a propaganda mudaria circunstancialmente, principalmente após a primeira fase da Revolução Industrial, quando tem início o capitalismo, com a sua produção diversificada de produtos em quantidades elevadas e, consequentemente, a necessidade de ampliar o público consumidor, para vendê-los.
Mas, se considerarmos o seu viés político, não poderíamos afirmar que as moedas têm sido um importante meio de propaganda, desde a Antiguidade? “Cunhadas com a efígie dos deuses e dos poderosos, as moedas conservaram esse caráter político essencial até a época romana quando eram emitidas por ocasião de grandes eventos, como os jogos desportivos ou a movimentações de exércitos”ressalta o socioeconomista Jean-Michel Servet (SERVET, 1990). Nos anversos e reversos das moedas, eram propagados os grandes feitos dos deuses, dos heróis, dos líderes militares e imperadores. Por todo o Império Romano, que se estendia pela Europa, África e parte da Ásia, a moeda ajudava a propagar a sua supremacia religiosa, política e militar, o que teve continuidade mesmo após a adoção do cristianismo como sua religião oficial.

A origem do cifrão ($) propaga um destes grandes feitos. A história registra que este símbolo teria sido criado a mando do general Tarik-ibn-Ziyád que, saindo da Arábia no século VIII, teria cruzado todo o norte da África em direção à península ibérica, marcando o início da conquista muçulmana na Europa, que perduraria até 1492. No cifrão, a linha sinuosa representa a trajetória feita por Tarik e os dois traços, representam as “colunas de Hércules”, uma referência à passagem que o herói mitológico teria aberto com a sua força, separando a África da Europa, na região hoje conhecida como Estreito de Gibraltar, por onde também teria passado o conquistador árabe.
Alguns querem ver na carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel I de Portugal, em 1500, a primeira peça de propaganda do Brasil. Nela, o missivista propaga as belezas e riquezas de nossa terra, estimulando a Coroa à sua conquista e povoamento. Mas, em verdade, os “reclames” só começam a aparecer no Brasil com o tardio surgimento da imprensa, de forma oficial, no início do século XIX. Cem anos depois, no início do século XX, a propaganda chegará às radioemissoras e, na década de 1950, à televisão. Mas, bem antes, no Brasil colonial, panfletos, também chamados de “santinhos”, eram distribuídos
ou colocados em postes, paredes e portas, amplamente utilizados para a propagação de produtos e serviços, promovendo o que hoje chamamos de marketing viral, também conhecido por boca-a-boca. Os inconfidentes mineiros, liderados por Tiradentes, em 1789, utilizaram panfletos e cartazes para propagar os ideais dos revolucionários.
E são os panfletos que ganham uma das formas mais originais da propaganda brasileira: a utilização da identidade visual (design) das cédulas com fins promocionais, militares, religiosos e políticos. Esta ação tem seu início já no século XIX e se perpetuará até o século XXI, utilizando-se de todos os modelos de cédulas nos diversos períodos de emissão monetária do Brasil. O suíço Julius Meili, considerado o Pai da Numismática Brasileira, em sua magistral obra "O Meio Circulante no Brasil – parte III", A Moeda Fiduciária, publicada em 1903, já nos apresenta 20 exemplos daquilo que aqui intitulamos "cédulas de propaganda".

Neste artigo pretendemos apresentar alguns exemplos, percorrendo brevemente a história da circulação do papel-moeda brasileiro, demonstrando as diversas utilizações que estes panfletos ganharam em nossa sociedade. Inicialmente, é importante distinguir as cédulas de propaganda das cédulas de fantasia: As cédulas de propaganda tem uma função mercadológica explícita, com o claro propósito de difundir, propagar, convencer, converter, seduzir seu público-alvo, vender ou comprar, ampliando a fatia de mercado (market share) do promotor da ação, o que não ocorre necessariamente com as cédulas de fantasia.


A PROPAGANDA PROMOCIONAL

Do início da utilização do papel-moeda até a atualidade (2020), nove padrões monetários foram utilizados no Brasil, a saber: réis, palavra que era o plural de ‘real’ (da colonização até 1942); cruzeiro (1942/1967); cruzeiro novo (1967/1970); cruzeiro (1970/1986); cruzado (1986/1989); cruzado novo (1989/1990); cruzeiro (1990/1993); cruzeiro real (1993/1994) e real (1994/Atualmente). Em todos estes períodos podemos encontrar cédulas de propaganda inspiradas nas emissões oficiais, algumas das quais, tomadas como exemplo, passaremos a descrever, lembrando que certos padrões podem ter sido utilizados nestes panfletos muito tempo após a data da sua emissão. Para facilitar a identificação das cédulas colocamos, entre parênteses, seus respectivos códigos, conforme o catálogo Cédulas do Brasil, de Cláudio Amato e Irlei S. Neves.






 


Matéria extraída do arquivo em PDF: As cédulas de Propagandas Brasileiras

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