As cédulas e moedas de Cildo Meireles


Cildo Meireles nasceu no Rio de Janeiro em 1948, ele é um artista plástico, escultor e pintor brasileiro. É reconhecido mundialmente como um dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos. Aos 10 anos de idade mudou-se para Brasília, onde teve contato com a arte moderna e contemporânea.

Em 1967, voltou para o Rio de Janeiro. Nesse ano, o desenho passou para segundo plano, e o artista abandonou a figuração expressionista, voltando-se para obras tridimensionais.

Morou nos Estados Unidos de 1971 a 1973. E ao retornar ao Brasil, concentrou-se nas linguagens conceituais e na apropriação de objetos não-artísticos. No início da década de 1980, alguns elementos pictóricos foram incorporados às suas instalações e esculturas.

Cildo foi o segundo artista brasileiro a ter uma exposição retrospectiva de sua obra na Tate Modern, em Londres, em 2008. Cildo cria os objetos e instalações que diretamente levam o observador em uma experiência sensorial completa, questionando, entre outros temas, a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e a dependência do país na economia global.

Vamos falar de dinheiro!

Uma de suas obras, chamada Cruzeiro zero é uma réplica quase fiel de uma nota do Cruzeiro (a moeda corrente naquele tempo: 1974-1978) que não tem nenhum valor e as figuras históricas e heróicas sejam substituídas pela fotografia de um índio brasileiro e de um paciente de um hospital psiquiátrico. Há uma crítica, um comentário na super inflação e na desvalorização do cruzeiro, este trabalho joga com noções tradicionais da natureza e 'do valor' da arte e da marginalização do Brasil no mundo internacional da arte.


0 Real, de 2019.
(Parece repetir o esquema do Zero Cruzeiro, com a inserção da imagem de um índio Kraô e o louco no canto da parede. As histórias por trás desses personagens são muito tristes e você pode conferir nesta matéria da Revista Carbono).


Zero Dólar (1978-1984)


Zero Dólar, de 2009



Zero centavos (1974-1978)


Abaixo, uma instalação de uma de suas obras.

“Olvido”, é o nome de uma oca construída com cédulas de diversos países americanos, construída sobre ossos e rodeada por um grande muro/cerca de velas. Lá dentro soa, ecoa o barulho de uma motosserra. A instalação revela nessa alegoria tão real e atual o processo de colonização do continente. Vale lembrar que em 2018, Cildo atualizou uma das suas intervenções mais famosas e mais questionáveis: A das cédulas de dinheiro, para carimbá-las com o rosto de Marielle Franco, vereadora assassinada por milicianos no Rio de Janeiro em março de 2018.



Eu espero do fundo do meu coração, que ele não tenha colado essas notas com cola, e que elas não sejam originais.

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