"Quando lancei o meu 'Banco Exchanghibition' no início de 2011, anunciei que havia iniciado o meu próprio banco como artista, porque os governos pareciam não ter interesse algum para a arte, mas tinham muito dinheiro para resgatar bancos.
Assim, comecei o processo pesquisando o valor da arte. Eu não tinha tanto interesse – ainda – em dinheiro, porque, como muitos artistas, venho de uma formação anti-dinheiro. Rapidamente, encontrei-me fascinado por esse material abstrato, que não conta com qualquer apoio de ativos tangíveis, existe de maneira puramente virtual, e é criado como dívida pelos bancos, através do simples apertar de um botão. Portanto, de certa maneira, não havia muito o que ser contra, ou seja, não havia como ser anti-dinheiro. O dinheiro, afinal, não passa de um acordo, uma forma de energia, que, ao ser trocada, ganha valor. No entanto, influencia todas as nossas percepções a respeito do valor.
Nossa forma atual do Dinheiro, validada apenas pela nossa confiança, parece ter assumido a função de uma Pedra Filosofal omnipresente; transformando, como que por mágica, qualquer qualidade de vida em uma quantidade imensurável de pilhas maiores ou menores de dinheiro, ou em dígitos na tela de um computador.
A maneira como o dinheiro funciona nos leva a transformar cada vez mais a natureza em produto e as relações humanas em serviços. Mas nem todos os valores e qualidades podem ser convertidos tão facilmente em pilhas de cédulas. Afinal, as coisas que realmente valorizamos na vida 'não têm preço'.
Será o Amor a Raiz de todo o Dinheiro?
Todos já ouvimos falar que: “O Dinheiro é a Raiz de todo Mal”. Na realidade, a origem da expressão vem da Bíblia, que afirma: “Porque o Amor ao Dinheiro é a Raiz de toda a espécie de Males”. De alguma maneira, o Amor foi excluído com a passagem do tempo. Mas o que aconteceria se o Amor voltasse à equação, e começássemos a nos perguntar: “Qual é a Raiz de Todo o Dinheiro?” Não seria o Amor uma ótima resposta?!
Praticamos câmbios todos os dias em nossa sociedade. Mas, ao invés de amarmos o câmbio e uns aos outros, passamos a amar o meio material do câmbio: o Dinheiro.
E ao invés de usarmos tais câmbios para fazer com que coisas lindas ocorram ao redor do mundo, os usamos para ganhar mais dinheiro. E acumulamos esse dinheiro nas nossas contas bancárias. Mas poderíamos os estar usando para fazer com que coisas que amamos ocorram, e com que lugares e pessoas que amamos prosperem.
No processo de gastar dinheiro e de comprar coisas que acreditamos precisar, costumamos esquecer que a compra é, na realidade, um câmbio, e não apenas uma transação unidirecional. Não apenas adquirimos algo material, mas damos algo em retorno: dinheiro. O dinheiro, de fato, continua a carregar valor, enquanto um acordo entre pessoas. Além disso, ele tem a sua energia, que propulsiona o seu uso futuro. E, ao oferecer com amor o dinheiro como retorno às pessoas e às iniciativas que amamos, e que sabemos que usam a mesma energia com amor, podemos mudar o mundo.
O dinheiro pode ser um símbolo de apreço para aquela pequena mercearia do bairro, que tem tanto a oferecer de volta à vizinhança, ou para aquele café descolado, onde você parece sempre conseguir fazer contatos incríveis, ou para a loja de discos, que tem aqueles LPs raros e pessoas atrás do balcão que amam música.
Portanto, ao pagar, inclua um pouco de amor nos seus pagamentos. Não pelo seu amor por dinheiro, mas pelo seu amor pela pessoa com quem você está lidando!
Talvez haja quem diga que o amor não deve ser utilizado como moeda de troca, porque o Amor não tem preço. Mas será que não deveríamos começar a dar mais importância justamente aos valores que não podem ser quantificados em nossa sociedade?
É por isso que a cédula do amor não apresenta número algum: não é um Amor, ou Cem Amor, é apenas Amor. Amor Puro. Assim como o próprio câmbio não tem valor absoluto, o valor que você deposita nessa cédula é pessoal. E esse valor ficará claro para todos os envolvidos nesse câmbio, mesmo que não seja explicitamente quantificado.
Mesmo não sendo uma moeda oficial, ela certamente será uma moeda pessoal e amorosa para todos os câmbios particulares ou públicos executados com amor."
Dadara.
DADARA é artista visual. Vive e trabalha em Amsterdã (Holanda). Em tempos em que governos não querem mais gastar dinheiro em arte, mas gastam bilhões em resgates de bancos, Dadara abriu seu próprio banco – o Exchanghibition Bank – que emite papéis-moeda em valores de Zero, Milhão e Infinito. O seu grupo esteve presente no salão principal da Amsterdam Central Station, o Rijksmuseum, Stedelijk Museum, Occupy, casas culturais, assim como shoppings centers, e também foi apresentado no Burning Man no deserto de Nevada (EUA), onde clientes podiam adquirir uma nota de Zero em troca de assinar um "Contrato Espiritual de Lavagem de Karma".
Mais informações sobre o artista: http://www.dadara.nl
Texto extraído do site Revista Carbono.
Confira abaixo as cédulas-artes do artista:
2.0
011000010111001001110100
Zero/None
2012
Infinito
Amor
1 milhão
Dinheiro Paz na Terra
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Dinheiro criado para o Seeds
As artes são feitas em telas de linho, com tinta acrílica, depois são escaneadas e impressas em papel com selos holográficos e vendidos como dinheiro-fantasia.
ART AS MONEY está disponível em:
http://www.exchanghibitionbank.com
Página do facebook:
http://www.facebook.com/artasmoney.
Fotos de seus papéis-moeda que podem ser todos comprados online em http://shop.artasmoney.com/.
O documentário sobre dinheiro feito no Burning Man pode ser visto abaixo:
Vídeo curto mostrando mais sobre o Exchanghibition Bank:
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